O Crânio exposto na cova abandonada, o sorriso hediondo.
As marcas que tempo deixara , os dentes que faltavam,
O olhar obscuro, o vazio das cavidades ocas.
Eu não via o Cristo naquele olhar nem outra redenção
qualquer.
Eu contemplava o abismo... a morte certa...
E com paradoxal ironia, as belas flores ao redor...
Então ele, caixa serva de algum cérebro,
Outrora senhor de sonhos e vontades ,
Falou- me assim:
estas me vendo aqui pálido em repouso?
Observa bem, pois agora, eu aqui estou, já fui jovem formoso,
Cheio de carne e pele,
audaz viçoso...
Veja bem, eu não canto mais a musica que eu cantava,
Nem meu vinho é mais o mesmo...
Veja bem, pois é isto somos, enquanto estou aqui
Você me observa ...amanhã outro fará o mesmo contigo...
Vai! Volte! Viva! Não existe outro dia...
O amanhã nunca
começa e
você será adubo no fim...
Caímos na risada eu e a caveira, ambos sabíamos o quão éramos tolos!
Caímos na risada eu e a caveira, ambos sabíamos o quão éramos tolos!