" Om Muni Muni Maha Muni Shakyamuni ye Soha "

sexta-feira, 20 de março de 2015

A canção quieta



Decora-se o fim do caminho
Sob a laje de pedra ...
Essa é a minha terra,
Conheço a data de todos
E no entanto a minha tribo é outra...
E ninguém entende.

Interpretam o rigor mortis
De forma errada,
Anunciam aos abutres
Suas opiniões
E não é certo.


Aos que ficam
a saudade do morto
ao morto o sono...

A paz é santa,
Mas é sob fogo fátuo
( Ignis-fatui )
A sete palmos
Em foco...sereno e real
Num caixão!

Acenderam as velas
Cobriram as valas
Ergueram uma cruz
E nela colocaram coroas,
Com flores que nunca morrem

É o abundante metal imóvel
É o eterno sinal,
Do campo santo,
Da necrópole...

Ladainhas acabas
Todos dormem
E há séculos...
Há cedros ao seu redor...

A paz é santa
E esses são versos de morte
Versos sem rima
De doença ou corte
Dos que aqui vem morar...

Quando tudo que sobra
São fotos e outras coisas pequenas...
Aterradoras!  Infelizes!
Que ninguém entende,
Talvez seja o fim
E talvez não...
A idade aqui não importa
O tempo é extinto para os mortos
O cálcio dura mais que a saudade.

As cores já não alegram...
Orações e louvores
Explicam apenas o momento.

Eu sei que aqui
Não poderei viver
Não importa o que vem depois
Nem o adiante...
Eu preciso de você agora,
Porque esteve sempre comigo
Em toda a minha jornada
Até aqui.

Sei  o quando é fácil
 Encher de nomes
Um anjo caído...

Estou no fim do caminho
Do outro lado do muro
Esperando o funeral passar
E não vejo nada de bom,
Não mesmo!

Mas vocês não sabem
Do que eu estou falando
E talvez nunca vão saber.
Mortificar a sinceridade
Faz parte dos meus planos...

E ninguém entende...
Veio a sombra...
É o ódio que obscurece
Venha ver...
A raiva e a dor
De todos que eu sei
Que eu vi
Admirando você,
Adivinhando você!

Venha ver amiga minha
A canção quieta que eu fiz por você,
Nesses dias frios
De ódio e dor forte ...

Que és só tua,
Oh! Minha morte...

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