" Om Muni Muni Maha Muni Shakyamuni ye Soha "

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A forja


“Somos salvos do fogo pelo fogo”. Entendi esta máxima contra superficialidade num livro sobre o Zen , realmente ela não trata deste assunto, mas é o meu raciocínio até o momento . O que vem ao caso é um ponto que observei no caminho até este pensamento, a lapidação, ou melhor dizendo, a forma com que evoluímos frente às adversidades o que nos tornamos após tantos obstáculos vencidos do o dia, é sobre este assunto que vou falar. E para melhor ilustrar, farei uma analogia sobre esta transformação e a confecção de uma, ou a melhor,das espadas do mundo a Katana.
É uma das armas mais perfeitas que existem, mas se observarmos o seu processo de fabricação, desde a escolha da matéria prima até uma das ultimas etapas o seu polimento, ela passa mudanças, é em muitas vezes martelada, levada ao fogo, imersa em água, afiada tantas e tantas vezes que o termino de uma espada de qualidade pode levar mais de um ano. Assim somos nós , expostos às chamas e martelados todos os dias e algumas, muitas aliás, com mais frequência e peso através dos anos .E o que acontece conosco após este tempo será que nada mudou ?  Nietzsche argumentaria o contrario, dizendo que o sofrimento é a causa das maiores mudanças em nossas vidas e que somente quando deixamos nossa zona de conforto, podemos evoluir, concordando com ele, ou não, fato é que isto acontece. Para os alquimistas e entendendo Alquimia como a arte de aperfeiçoar os corpos com auxilio da natureza , tais mudanças ocorrem diariamente e aquelas espadas que não se quebram , tornam-se afiadas o suficiente para enfrentar situações de dificuldade com extremo preparo e manejo, com a honra herdada pelo mérito, pois este justifica-se por si mesmo. E lá no fim, de todas as nossas, é isso que vale a pena, o que realmente somos e o que nos diferencia dos de todos os outros.
Mas e o caminho? O intervalo, os passos, cada aprendizado, cada queda acrescenta um fio a mais ao corte que a lâmina produz e desta forma explico, porque o percurso feito é tão importante quanto à chegada. A esta ultima vale ressaltar um trecho de uma conversa, que tive com um senhor de uns oitenta anos num ônibus, ele muito bem animado me disse assim: ”Filho, você vive, cresce e morre...e não aprende tudo’’. Pode ser que o caminho continue ou não , mas de uma forma ou de outra, você vai passar por ele, é assim com todo mundo e você pode reclamar pelas marteladas incandescentes ou não, sabendo tanto faz...é necessário sim entender, que você vai continuar e mesmo que todos notem a superfície calma do lago que somos , nós o lago sabemos o que nossas águas contem em suas profundezas , sabemos o que somos e  que  com árduo custo, nos entregamos todos os dias a forja de nossas vidas .         

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